quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Ação da PF mostra que presídio de Piraquara virou um centro administrativo do PCC


A Penitenciária Estadual de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, foi convertida por lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital) no centro contábil da facção. É do presídio que ao menos dois chefes do PCC elaboram planilhas e verificam a arrecadação da quadrilha, que surgiu em São Paulo na década de 1990 e hoje tem membros espalhados por todo o país.

Esse novo dado descoberto pela Operação Cravada, realizada anteontem pela PF (Polícia Federal) em 23 cidades de sete estados, reforça a impressão de que o presídio de Piraquara virou uma espécie de "quartel-general" fora dos domínios paulistas.

"Foi constatada a existência de um núcleo dessa facção criminosa estabelecido dentro de Piraquara. Todos os integrantes comandavam dali as ações criminosas realizadas em praticamente todos os estados do Brasil", afirmou o delegado da PF Martin Bottaro Purper.

Relatório da PF obtido pelo UOL afirma que, apesar de movimentações registradas em outros locais, devido à abrangência da facção, Piraquara se configura como um grande centro de controle.

A polícia monitora a atividade administrativa do PCC dentro do presídio de Piraquara desde fevereiro. De lá para cá, presos responsáveis pela contabilidade da facção chegaram a ser isolados pelo Depen-PR (Departamento Penitenciário do Paraná), o que vem incomodando o PCC, de acordo com Purper.

Apesar do aperto na fiscalização, a PF admite que presos de Piraquara conseguiam administrar a arrecadação e os repasses de até R$ 1 milhão por mês. O dinheiro vinha de mensalidades de cerca de R$ 250 pagas por membros da facção e era empregado em benefício dos líderes da quadrilha e também no financiamento de outros crimes.

A quantia é vista pela investigação como "fluxo de caixa", e considera apenas a verba das mensalidades.

Segundo relatório da PF, a facção arrecada dinheiro ainda com o tráfico de drogas, assaltos a instituições financeiras e jogo do bicho.

Centro administrativo
Investigações anteriores mostraram que chefes do PCC detidos na unidade prisional paranaense elaboraram um "censo penitenciário" para avaliar as prisões brasileiras.

A facção criminosa criou um questionário com 42 perguntas com o objetivo de mapear e obter informações sobre a rotina e a segurança do sistema penitenciário brasileiro.

De lá também partiram ordem para assassinatos de agentes públicos e de membros de facções inimigas em outros estados. As decisões eram comunicadas por meio de telefones celulares e aplicativos de comunicação. Os integrantes do grupo tinham acesso à internet na prisão.

Controle financeiro nacional
A operação Cravada, em si, foi autorizada pela Vara Criminal de Piraquara justamente porque começou ali a apuração a respeito da contabilidade do PCC.

"De lá [a Penitenciária Estadual de Piraquara], dois ou três líderes exerciam a função de controlar o dinheiro a nível nacional", afirmou Purper, coordenador da Operação Cravada.

A penitenciária, também conhecida como PEP 1, tem capacidade para abrigar 743 detentos. Uma parte desses presos exerce um cargo de liderança dentro do PCC, de acordo com o Conselho da Comunidade de Curitiba, órgão responsável pela fiscalização dos presídios da comarca da capital paranaense.

O delegado Purper afirmou na terça-feira que essas lideranças, de uma forma ou de outra, acabam tendo acesso a telefones celulares mesmo dentro da cadeia. Com eles, mantêm o contato com outros membros da facção e controlam suas finanças.


Polícia desarticula núcleo financeiro do PCC  Band Notí­cias

"Há várias planilhas. [Valores] são contabilizados como numa empresa de contabilidade", explicou. "A contabilidade é feita pelos próprios presos, que têm uma boa capacidade matemática e conhecimentos contábeis."

"Eles arrecadam valores em rifas ou mensalidades. Esse valor sai da base e chega para os líderes, que administram o dinheiro", disse Purper. "Tudo é feito para que os líderes tenham bastante dinheiro, a base sustente e vários crimes sejam cometidos com ajuda do financiamento."

PCC faz monitoramento carcerário
Em reportagem publicada no último dia 10 de junho, o UOL revelou que em Piraquara, a superlotação carcerária é bem inferior à média de outras prisões paranaenses.

Isabel Kruger Mendes, presidente do Conselho da Comunidade de Curitiba, afirmou que a superlotação na PEP 1 só não atinge nível semelhante ao de outras penitenciárias do Paraná devido ao poder que o PCC (Primeiro Comando da Capital) tem no estado.

"A PEP 1 é uma exceção porque líderes do PCC estão presos lá", disse ela. "Eles já avisaram que se colocarem mais presos, eles morrem."

Em nota, o Depen-PR afirma que "realiza constantemente operações de busca de materiais não permitidos" no presídio de Piraquara.

Fonte UOL Vinicius Konchisnki e Flávio Costa -Colaboração para o UOL, em Curitiba, e do UOL, em São Paulo -08/08/2019


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